sábado, 14 de julho de 2012

Ato pelo Oficial de Justiça assassinado mostra tristeza e expõe a precariedade da profissão

Foi com muita emoção e revolta que familiares, amigos e colegas de trabalho do oficial de justiça da Justiça Federal encontrado morto na última segunda-feira, 28, Daniel Norberto da Cunha, reuniram-se na tarde de hoje, 30, em frente ao prédio da Justiça Federal em Belo Horizonte. 

Ao microfone, a coordenadora geral do SITRAEMG Lúcia Bernardes. Foto: Erinei Lima


No ato, organizado pelo SITRAEMG e pela ASSOJAF-MG, os presentes vestiam uma camiseta preta com a palavra “BASTA!” estampada e não só manifestaram sua solidariedade à família do servidor: eles também denunciaram as péssimas condições de trabalho e o descaso com que os governantes tratam a função dos oficiais de justiça.

Lúcia Bernardes de Freitas, oficiala de justiça aposentada pela Justiça do Trabalho e coordenadora-geral do SITRAEMG, saudou os presentes criticando a forma como os oficiais são vistos pela administração e até mesmo pelos colegas de trabalho. “Acham que temos uma ‘vida boa’, sem chefe, sem horários, mas se esquecem de que trabalhamos sozinhos, na rua, sem segurança, sem o apoio de ninguém – não fizemos concurso para morrer”, disse Lúcia. Apesar da polícia trabalhar com a hipótese de Daniel Norberto ter sido morto por outros motivos que não seu trabalho, a sindicalista tem outro ponto de vista: “não vamos deixar que digam que o Daniel faleceu por outros motivos; ele faleceu a trabalho sim, porque, se não estivesse trabalhando, ele estaria em casa, jantando com sua família”.
Visivelmente emocionado, Welington Gonçalves, presidente da ASSOJAF-MG, que se envolveu nas buscas desde o desaparecimento de Daniel, em 24 de maio, disse que o momento era de solidariedade, mas que também era preciso dar um “basta” às condições indignas de trabalho destes servidores. “Todos aqui podem relatar pelo menos um caso de violência que já sofreu. Infelizmente, essa é a nossa realidade”, lamentou Welington, acrescentando que os profissionais não possuem estrutura nem segurança, como colete à prova de balas ou carro oficial para cumprir os mandados.
Em um ato simbólico, o presidente da ASSOJAF-MG entregou ao presidente da Associação dos Juízes Federais de Minas Gerais – AJUFEMG, juiz federal José Carlos Machado Júnior, um relatório elaborado pela ASSOJAF-GO e pelo Sintrajud-SP no qual constam relatos e dados que dão conta que, entre 1998 e 2012, 15 oficiais de justiça foram mortos em serviço em todo o país. A AJUFEMG, por meio de seu presidente, colocou-se à disposição para acompanhar e colaborar no que for necessário nas investigações do crime – o mesmo concordou que os oficias estão desprotegidos e acredita que o ocorrido com Daniel é um fato a mais para o Judiciário repensar a segurança de seus servidores, inclusive a dos juízes.
Bastante emocionados, a esposa e os três filhos de Daniel Norberto também compareceram ao ato. Falando por todos, o filho mais velho do oficial, Rafael Filipi Amaral da Cunha, agradeceu a mobilização pelo pai, mas acrescentou que esse movimento tem que acontecer sempre. O jovem disse que, para que outras famílias não sofram como a dele, neste momento, a população precisa cobrar do governo que se preocupe com projetos de lei que beneficiem de fato a população: “os holofotes precisam estar virados para quem tem poder de mudar a situação. Espero que os governantes se ocupem de projetos realmente mais úteis para nós, vamos cobrar mais saúde e segurança pública”.
Hélio Ferreira Diogo, coordenador-executivo do SITRAEMG, falou como diretor da FENASSOJAF e lembrou os projetos de lei que tramitam atualmente no Congresso que visam dar mais segurança ao trabalho do oficial de justiça, como aquele que prevê o porte de armas: “a morte dele [Daniel] é um símbolo da luta pelos projetos de lei que lhes deem [aos oficiais de justiça] melhores condições de trabalho”. Hélio Diogo criticou o descaso do governo e disse que só o voto poderia mudar isso.
Também prestando solidariedade e engrossando a indignação frente à morte de Daniel e à situação que os oficiais de justiça enfrentam, estiveram presentes o diretor do Sinjufe-GO e da ASSOAJF-GO, Emmanuel Abdala, o presidente do Sindojus-MG, sindicato que representa os oficiais de justiça da esfera estadual, Wander da Costa Ribeiro, junto a outros diretores da entidade, e o deputado estadual Délio Malheiros (PV). Ainda, colegas do servidor falecido leram mensagens de apoio e encerraram o ato lendo a “Oração do Oficial de Justiça” e dando-se as mãos para fazerem uma oração.
Fonte: Sitraemg

"E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do nosso entendimento” (Romanos 12:2).

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Gisleia Menezes