segunda-feira, 11 de julho de 2011

Oficial de Justiça é executada com oito tiros

A oficial de justiça Sandra Sesmanioto, 48 anos de idade, dos quais, vinte dedicados ao Judiciário do Estado de São Paulo, saiu em diligência há pouco mais de um mês para efetuar um mandado de busca e apreensão de uma motocicleta, na Zona Sul da cidade de São Paulo. À disposição dos oficiais sempre está uma patrulha da Polícia Militar para dar apoio em situações de “ameaça” prevista, como reintegração de posse ou atuação em áreas de “risco”, como favelas e pontos conhecidos em que o crime predomina. Como o caso não envolvia nenhuma dessas hipóteses, Sandra dispensou cobertura policial.

Além da PM, o trabalho dos oficiais recebe o “apoio” de um agente que atua a mando de bancos – credores – que desejam que os bens em penhora sejam encontrados para pagamento da dívida. Estes agentes, vulgarmente chamados de “localizadores”, costumam chegar ao local bem antes dos oficiais, indicando a eles, por telefone, o paradeiro do objeto da busca. Porém, dessa vez, Sandra encontrou o endereço primeiro nas imediações do Jardim São Luiz, bairro que registra um dos índices de criminalidade mais altos da cidade e é notoriamente afamado por ter o maior cemitério de indigentes da América Latina.
Localizou a casa do citado na petição, parou o carro, tocou a campainha. “Senhor, eu vim cumprir um mandado de busca e apreensão da moto que está em seu nome”, comunicou sua intenção. O homem não manifestou qualquer resistência ou sentimento de estorvo. Concordou em entregar a moto, mas pediu que a oficial aguardasse enquanto ele pegava as chaves do portão.
A oficial, que em anos de profissão já viu gente se estrebuchar de tanto choro por causa de carros e bens, certamente deve ter estranhado a placidez e gentileza do homem, mas acatou e voltou para seu automóvel. Viu ainda o agente chegar, parando imediatamente atrás dela. Como o conhecia, acenou e disse que já não precisava mais de sua ajuda, a diligência estava quase terminada.
Dentro de seu veículo, a oficial ajeita os papéis que o intimado deve assinar.  Com o canto esquerdo do olho percebe que o homem se aproxima de sua janela.  Ele ergue o 38 na altura do rosto de Sandra e dispara uma, duas, três, quatro – a oficial cai em cima do banco direito – cinco vezes. O homem bate a arma em sua perna para abrir o tambor quente, por ter intimidade com o 38, sabia que tocá-lo seria burrice, lhe queimaria as mãos. As cápsulas vazias caem e tilintam no asfalto. Ele apalpa os bolsos a procura de mais balas, encontra. Enfia três no revólver e descarrega sobre a oficial.
O localizador que assistiu a execução acionou uma viatura próxima à rua. O homem foi preso em flagrante e enquadrado por porte ilegal de arma e homicídio duplamente qualificado – por motivo torpe e sem chance de defesa – e, segundo me informaram fontes que assistiram ao seu depoimento, ele “não se arrepende”. Tampouco dá pistas de algo que se aproxime de uma justificativa plausível – se é que existe – para cravar oito balas em Sandra.
O caso de Sandra se torna mais comum a cada dia. Na semana passada, dois oficiais que atuavam em conjunto em uma ação na cidade de Itapecerica da Serra foram recebidos a tiros de “12”. Para os que não conhecem calibre de armas, digo que uma “12” é utilizada para abater animais de grande porte, como bois, búfalos e, em situações de covardia desmedida, oficiais de justiça.
Ainda pelos próximos dias, trago detalhes do episódio da “12” e tantos outros que assombram funcionários do Judiciário no estado de São Paulo.
"E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do nosso entendimento” (Romanos 12:2).

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Gisleia Menezes